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A Engenharia Florestal e sua importância na prevenção e combate aos Incêndios Florestais

08/05/2024

 

4 de maio é o Dia Internacional do Combatente de Incêndios Florestais, uma data que reconhece e homenageia todos aqueles que se arriscam no combate ao fogo em ambientes florestais. Mas o que poucos sabem é que o trabalho desses profissionais vai muito além dos momentos de crise noticiados nos jornais.

 

Foto: Divulgação

Por isso, a Associação Paranaense de Engenheiros Florestais - APEF conversou com o professor Dr. Ronaldo Viana Soares, um pioneiro na pesquisa e trabalho na prevenção e combate aos incêndios florestais do país. O Engenheiro Florestal, que foi recentemente homenageado pela Universidade Federal do Paraná – UFPR como professor Emérito da Universidade, destaca que o combate a incêndios florestais depende de cuidados e muita técnica.



“Este é um trabalho de alto risco porque o fogo às vezes é imprevisível; uma simples mudança de vento pode causar danos severos aos combatentes, e muitas pessoas não têm conhecimento disso. É preciso dedicação e treinamento eficiente, uma vez que existem muitas técnicas que o combatente precisa aprender para que o risco seja controlado”, disse.

 

Tais treinamentos são importantes para que não se repitam grandes tragédias, como um dos maiores incêndios florestais do mundo que aconteceu em 1871 nos Estados Unidos, matou mais de 1.200 pessoas e destruiu cidades inteiras, ou no Brasil, como em 1963, quando um incêndio florestal queimou mais de 10% do Paraná e matou 110 pessoas, e em 1967, no Parque Nacional do Rio Doce, em Minas Gerais, que matou uma equipe de combatentes de incêndios florestais.

 

“A tecnologia avançou bastante e, além disso, a parte de prevenção. Hoje existem mecanismos de prevenção de incêndios, como os índices de perigo de incêndio que proporcionam uma ideia melhor de como está a situação e, em caso de ocorrência, se ele será forte ou não. Tudo isso facilita para que você possa deixar equipes de prontidão e, caso ocorra o incêndio, o ataque é muito mais rápido e mais eficiente. Em 1963 não havia nenhum equipamento de combate à incêndio florestal, hoje existem diversos tipos de equipamentos exclusivos para isso e que são muito eficientes. Então a tecnologia e de prevenção de incêndios aumentou muito de lá para cá”, destacou.

 

Esses acontecimentos também motivaram o professor no desenvolvimento de pesquisas técnicas que hoje são replicadas no mundo inteiro. “Eu não estava no Paraná em 1963 porque cheguei aqui em janeiro de 1964, ainda como estudante. Fiz estágio na Klabin e vi toda região carbonizada, os efeitos do fogo eram visíveis. Por isso, acabei tendo um contato direto com as suas consequências e desde que me formei comecei a trabalhar com isso. Refiz toda a estrutura de combate a incêndios da empresa e comecei a trabalhar com isso. Quando vim para ser professor na Universidade, trouxe toda essa bagagem e a disposição de continuar atuando nessa área de controle de incêndios florestais”, conta.

 

“Na época não havia literatura sobre incêndios florestais no Brasil e antes de 1970/1971, que foi quando eu comecei a publicar trabalhos. Eu tive sorte de ser pioneiro, comecei a trabalhar no desenvolvimento do da Fórmula de Monte Alegre, que é o índice de incêndios florestais brasileiro, e desde então eu me dedico ao trabalho de controle de incêndios florestais. Fiz muitas consultorias em diversos países do mundo e planos de proteção para mais de uma dezena de empresas florestais no Brasil porque foi um tema que eu gostei de trabalhar e que é de utilidade pública”, completou.

 

Foto: Sinop Energia

A Fórmula de Monte Alegre é um índice proposto pelo Engenheiro Florestal em 1972 que calcula o risco de incêndio florestal a partir dos dados da umidade relativa do ar às 13 horas. Ele é classificado em cinco níveis e é calculado diariamente. Uma ferramenta que que contribui para desenvolvimento de novas técnicas para a prevenção e combate ao fogo. “Eu sempre me preocupei em fazer trabalhos práticos, que dessem resultados”, disse.



 

Além disso, o engenheiro florestal contribuiu com a formação de centenas de profissionais do Corpo de Bombeiros que atuam de maneira efetiva no combate e prevenção de incêndios Florestais. “Eu tive um relacionamento muito bom com o Corpo de Bombeiros do Paraná, que também foi pioneiro em cursos de combate a incêndios florestais, quando não havia nenhum outro no Brasil. Aqui começou a se formar brigadistas, inclusive de outros estados, com este objetivo”, lembra.

 

Uma soma de conhecimentos e técnicas importantes para a efetividade das ações de prevenção e combate ao fogo em ambientes florestais. “O incêndio urbano é muito diferente de um incêndio florestal, o ambiente é totalmente diferente. O engenheiro florestal tem o conhecimento desta parte ambiental enquanto o pessoal dos Bombeiros tem conhecimento prático de ação do combate, então é importante unir esses dois lados para o trabalho se tornar eficiente. Porque, inclusive, os equipamentos usados são diferentes”, concluiu.

 

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